Nem estou a falar do facto de existirem algumas alminhas que ainda acham que o lugar da mulher é na cozinha; mas sim dos conselhos tendenciosos que as revistas femininas dão às pré-adolescentes, adolescentes, jovens adultas e até a mulheres no que toca a amor e sexo, por exemplo.
O antigamente
No tempo das nossas avós e bisavós, as mulheres eram, fora raras excepções, donas de casa. Durante a infância aprendiam os ofícios da casa, aprender a cozinhar, a lavar a roupa, a fazer a cama, etc etc, e tudo isto, na maioria das vezes, para que o homem a aceitasse bem. Muito cedo saiam de casa dos pais, talvez com a nossa idade já estivessem casadas e com filhos. E ter um namorado sem casar com ele? Impensável. E assim viviam, privadas de alguns conhecimentos que hoje adquirimos através das nossas experiências, que são essenciais para as nossas relações sociais durante toda a nossa vida.
As revistas femininas da época tinham artigos que se baseavam em Como agradar o seu homem, fazendo-lhe a melhor comida e tê-la pronta quando ele chegasse a casa, tirar-lhe os sapatos quando se sentava no sofá a ler o jornal que ela tinha ido comprar. Eis alguns conselhos fantásticos dessas revistas, a título de curiosidade, que encontrei pela internet:
01. Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar seu carinho e provas de afecto.
(Revista Claudia, 1962)
02. É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido.
(Jornal das Moças, 1957)
03. O lugar da mulher é no lar. O trabalho fora de casa masculiniza. (Revista Querida, 1955)
O agora
Os tempos mudam, as mulheres estão mais independentes…mas a verdade é esta: as revistas ainda giram um pouco à volta de como agradar um homem. Podes constatar isso agora mesmo. Pega numa revista feminina, da Bravo à Cosmopolitan, não importa. Consulta o índice ou folheia-a. Eu já encontrei, na primeira revista que peguei, expressões como «Seduzir» ou «A roupa interior de que ele gosta».
Sim, claro que alguns conselhos têm o objectivo inicial de aumentar a autoconfiança de quem o lê, mas acaba por ter outro impacto na leitora.
Lembro-me de ver nos blogs que consultava quando era mais nova e nas revistas que lia (todas elas, verdade seja dita), aqueles conselhos fantásticos para conquistar o rapaz mais lindo da turma. Belisquem-me se estou errada.
E sabem que mais?
Nunca me foram úteis. Eu própria tive que aprender como conquistar um rapaz. E como? Sendo eu mesma. Só consegui que isso acontecesse quando ganhei confiança em mim mesma, quando gostei de mim.
Muita confiança, inteligência qb e uma boa dose de espírito crítico
Os conselhos mais úteis que poderás ouvir são os que tu te dás a ti mesma. Como? Aprendendo. Vivendo. Arriscando, de forma racional, claro. Não há duas pessoas iguais e muitas vezes os conselhos que ouvimos por aí podem não ser adequados para nós. Por isso adopta um espírito crítico. Será que isto de adequa a mim? O que é melhor para mim?
Uma rapariga confiante e inteligente é mais feliz e sabe bem o seu valor; não se deixa levar por conversas que não a vão levar a lado nenhum, sabe bem o que quer e luta por isso. Uma rapariga confiante permite-se viver, tendo sempre em conta os riscos, mas não se condiciona a tudo.
Há sempre uma fase da nossa vida em que somos influenciáveis. Todos os comentários negativos a nosso respeito deitam-nos abaixo e passamos a acreditar que de facto somos horríveis. Não! Cada pessoa tem o seu encanto, cada pessoa é linda à sua maneira. Aprende a ganhar autoconfiança. É um processo que pode ser moroso, mas é uma experiência que te vai seguir para toda a vida.
Atenção:
não digo para deixares de ler essas revistas por serem tendenciosas, porque também eu estaria a ser tendenciosa. Mas o que é melhor para ti, no meu ponto de vista, é focares-te no que realmente importa: tu. Primeiro tu, depois os outros. Tenta usar esses conselhos a teu favor, para aumentares a tua confiança e auto-estima. Depois verás que não vão ser precisos conselhos de conquista para que eles comecem a reparar em ti.
4 Opiniões:
No entanto ha uma grande diferença entre os artigos de antigamente e os actuais. É que reparando bem os actuais estão dirigidos para o sexo. Como sabemos (ou deviamos), no sexo dentro de um relacionamento (principalmente) devemos fazer o possivel para tambem agradar o nosso parceiro e nao pensar so no nosso prazer. Como muitas mulheres nao se sentem à vontade para perguntar ao parceiro do que gostaria mais, ou sentem mas preferem surpreende-lo aprendendo coisas noutro sitio, as revistas criam esse tipo de artigos.
Mas como podes constatar, actualmente essas dicas para agradar homens cingem-se a páginas sobre sexo e como melhorar a relação sexual :)
Concordo ;)
o meu maior receio de namoros e casamentos é perder a liberdade que tenho e não quero de modo nenhum sujeitar-me a ser "escrava" de alguém que não quer fazer nada.
Agora, tal como antigamente, so é escrava de um homem quem permite que isso aconteça. Nos pensamos sempre que as mulheres antigamente eram infelizes todavia isso foi o que elas aprenderam, o que gostavam de fazer. E concordo com a ideia que apesar de tudo, a unica coisa que fazemos é tentar agradar a um homem.
Eu honestamente preferia ser mulher de casa e cuidar do meu parceiro do que ter de ir trabalhar e ter de tratar de papeladas e etc
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